Diariamente atendo ou pessoalmente ou por telefone inúmeras pessoas
em busca de novas oportunidades de trabalho.
Algumas delas estão insatisfeitas e infelizes com seu trabalho e
outras estão desempregadas, algumas se encontram nessa situação a
meses, outras veem o resultado da crise internacional bater a porta
da empresa que trabalham e querem se precaver dos resultados
desastrosos que nós profissionais de RH já podemos sentir (com a
diminuição e cancelamento de vagas) e ouvir de nossos candidatos.
Com minha sensibilidade de psicóloga consigo ver claramente no olhar
dessas pessoas, na redação dessas pessoas, no resultado dos testes e
muitas vezes até em suas falas, certa tristeza, desesperança e às
vezes até mesmo mágoa por ter perdido um emprego que amavam tanto (ou
até mesmo pela possibilidade disso acontecer). Pode ocorrer uma
decepção com a empresa que as abandonou ou que está lhes deixando
faltar a tão sonhada Segurança (segundo item da pirâmide de Maslow),
por qualquer motivo que seja.
Ao avaliar um candidato tenho que me esforçar para enxergar o
profissional por detrás dessa nuvem de tristeza e poder avaliá-lo com
assertividade, sem julgamentos, sem certezas incertas, trazê-lo para
o momento presente e percebê-lo tal qual é, suas competências,
habilidades e conhecimentos.
Desde o início da semana passada, tentei achar tempo para escrever
sobre isso, mas esse me faltou devido a correria do dia-dia.
Coincidentemente assisti uma reportagem no Jornal Nacional sobre
Empresas de RH que cobram dos candidatos com a promessa de uma vaga
maravilhosa garantida e que de repente somem do mapa. Isso me
entristece, me faz perder as esperanças de um mundo melhor para meus
futuros filhos e netos. Como pessoas podem usar assim de uma
fragilidade? Tirar o último dinheiro que resta do fundo de garantia
ou do seguro desemprego de um trabalhador, o último dinheiro que ele
guardou para as conduções das entrevistas e "Xerox" do currículo?
(é importante lembrarmos nesse ponto que existem inúmeras
consultorias de recolocação que fazem um trabalho sério)
Mas, excluindo esses casos repugnantes, o que vejo são candidatos
desorientados e insatisfeito com as Agencias e Consultorias que
prestam serviços de recrutamento e seleção para empresas.
Muitos estão queixosos, pois participam de processos os quais nunca
receberam e nem receberão feedback, ligam para a consultoria para
saber se foram aprovados ou não e não são atendidos, deixam recados,
mas não recebem retorno, mandam e-mail, mas não têm retorno. Vão para
uma entrevista e ficam esperando mais de uma hora para serem
atendidos e entrevistados. Não recebem nenhum tipo de orientação e se
perguntam: O QUE TENHO DE ERRADO? O QUE ESTOU FAZENDO DE ERRADO?
Respostas que nunca conseguiram responder.
Eu mesma (por que todos ficam desempregados um dia) já passei por
situações como essas.
Chamo os colegas nesse momento para um período de reflexão. A maioria
dos profissionais de recrutamento e seleção são psicólogos, e por que
escolhemos essa profissão? Em todas as vagas de RH que já trabalhei
as pessoas me respondem na entrevista: Porque gosta de estar com
pessoas, ajudar as pessoas, ter contato com as pessoas... pessoas
como nós e nossos candidatos.
Por mais que não seja agradável receber um feedback automático,
enviados para inúmeros candidatos dizendo de forma delicada: VOCÊ NÃO
FOI APROVADO, é melhor do que o silencio vazio da dúvida.
Por mais que não seja agradável ouvir ao término da entrevista: não
poderia encaminhar o seu currículo, pois você não tem o perfil, é
muito mais reconfortante do que expectativas falsas.
Por mais que o candidato não fique feliz em ouvir: seu currículo está
mal elaborado, é muito mais construtivo do que o nada, nenhuma
orientação.
É tão gratificante ver o brilho no olhar de um candidato enquanto ele
lhe agradece por ajudá-lo a melhorar seu currículo, ou por atende-lo
para passar o status do processo seletivo que ele está participando.
Acredito que em momentos de crise temos que redobrar nossa atenção
para essas situações e nunca nos esquecermos que lidamos com pessoas
cheias de angustias, expectativas, contas para pagar e famílias para
sustentar.
De CLAUDIA SCARMAGNANI.
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